quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Adriele Menezes

       ESCULTURA do BARROCO
   
   Suas características são: o predomío das linhas curvas, dos drapeados das vestes e do uso do dourado; e os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento.
Bernini - arquiteto, urbanista, decorador e escultor, algumas de suas obras serviram de elementos decorativos das igrejas, como, por exemplo, o baldaquino e a cadeira de São Pedro, ambos na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Obra destacada: A Praça de São Pedro, Vaticano e o Êxtase de Santa Teresa.
 

Barroco: termo de origem espanhola ‘Barrueco’, aplicado para designar pérolas de foerma irxregular.



Exemplos:


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A literatura Barroca e a propagação da fé

O PODER DA LITERATURA MORALIZADORA DE PADRE ANTÔNIO VIEIRA E O CONFLITO DO HOMEM BARROCO EM GREGÓRIO DE MATOS

O presente trabalho tem por objetivo analisar a produção poética
de dois importantes autores do período barroco. São eles: Padre
Antônio Vieira e Gregório de Matos.
O crescente individualismo que marginalizou a espiritualidade
na Renascença é combatido no Seiscentismo. Neste último período
revela-se a tendência a uma doutrinação dirigida. A cristianização
tenta dar retorno às questões religiosas, que o homem havia ignorado
no seu interesse terrenalista do período anterior. Instaura-se, assim, a
dúvida, o conflito, a tensão psicológica de um homem que tentava
conciliar as necessidades materiais (da carne) e as aspirações religiosas
(espirituais).
Padre Antônio Vieira serve ao ideal da literatura moralizante,
espiritual, com vistas a doutrinar o homem que estava perdido em
desgraças neste mundo. Já Gregório de Matos, reflete em suas obras
o homem em conflito com os valores terrenos e espirituais, que tenta
conciliar as duas idéias opostas e se perde na dúvida. Será apresentado
um sermão de Padre Antônio Vieira, que serve ao propósito de
mostrar sua postura no Barroco e um poema de Gregório de Matos,
que exemplificará o conflito do homem aos quais eram dirigidos tais
sermões.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Padre Antônio Vieira viveu no contexto do Barroco, em que
se cultivava a cultura do excesso, juntamente ao saber ornamental da
palavra. A oratória, cuja função social era a propagação da fé e do
catolicismo, adquire grande importância priorizando as regras da eloqüência
e produzindo um discurso engenhoso. O belo está presente
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como ornamentador do discurso. Os sermões de Padre Antônio Vieira
servem a este propósito: propagar a fé com os recursos da retórica.
Conceptista, ele presta especial atenção ao conceito.
Padre Antônio Vieira acreditava ser escolhido por Deus para
uma missão na Terra: disseminar a palavra de Deus. “Vieira, como
porta-voz deste Senhor Absoluto, se dirige a um mundo desordenado,
a um mundo que caminha para a destruição, tal como ele, se não
tivesse tido o privilégio de ser o escolhido.” (Ferreira, 1999, p. 1179)
Ele acreditava que as palavras continham em si mesmas o seu significado
– na sua própria essência – significado este, determinado por
Deus. A língua portuguesa, para ele, é uma língua fundamental, “onde
todos os seus elementos já contém em si mesmo o valor universal
da Verdade. Desta forma, além dos fonemas e da etimologia, as letras
também portam um sentido.” (ibidem, p. 1178). Como exemplo,
destaca-se o sermão dedicado a Nossa Senhora do Ó, em que ele fala
o tempo inteiro do significado da letra “o”, destacando-a como figura
geométrica e como fonema. Sendo assim, o sentido desta palavra está
associado à sua forma e ao seu som. A ver:
Sermão da Nossa Senhora do Ó. A figura mais perfeita e mais capaz
de quantas inventou a natureza, e conhece a Geometria, é o círculo. Circular
é o Globo da terra, circulares as Esferas Celestes, circular toda a
máquina do Universo, que por isso se chama Orbe, e até o mesmo Deus,
se, sendo espírito, pudera ter figura , não havia de ter outra, senão a circular.
O certo é, que as obras sempre se parecem com seu Autor: e fechando
Deus todas as suas dentro em um círculo, não seria esta idéia natural,
se não fora parecida à sua natureza(...) O primeiro círculo, que é o
mundo, contém dentro de si todas as coisas criadas: o segundo, incriado
e infinito, que é Deus, contém dentro em si o mundo, e este terceiro, que
hoje nos revela a fé, contém dentro em si ao mesmo Deus: Ecce concipies
in útero, et paries Filium: hic erit magnus, et Filius Altissimi vocabitu4.
Nove meses teve dentro de si este círculo a Deus; e quem pudera imaginar,
que estando cheio de todo Deus, ainda ali achasse o desejo capacidade
e lugar para formar outro círculo? Assim foi; e este novo círculo
formado pelo desejo, debaixo da figura e nome do O, é o que hoje particularmente
celebramos na Expectação do parto já concebido : Ecce
concipies, et paries. De um e outro círculo, travados entre si, se comporá
o nosso discurso, concordando ( que é a maior dificuldade deste dia) o
Evangelho com o título da Festa, e o título com o Evangelho. O mistério
4 Lc 1 [:31] [E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de
Jesus. Este será grande e será chamado do Altíssimo; e o senhor Deus lhe dará o trono de
Davi, seu pai]
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do Evangelho é a Conceição do Verbo no ventre virginal outro círculo; o
que pretendo mostrar, em um e outro, é que assim como o círculo do
ventre virginal na Conceição do Verbo foi um O que compreendeu o Eterno.
Tudo nos dirão, com a Graça do Céu, as palavras que tomei por
tema: Ave Maria. (Vieira, 2002, p. 11)
As letras, para Vieira, carregam em si mesmas um sentido.
Podemos, assim, ver expressa no “Sermão da Nossa Senhora do Ó, a
idéia de língua fundamental: a idéia do círculo para representar o fonema
[o] não foi por acaso; tem um significado. A forma (letra) O,
sendo um círculo, representa o desejo: quando alguém deseja algo,
exclama oh! [O] da eternidade: Deus (pai); [O] do desejo: Jesus (filho).
Para Vieira, o mistério da Santíssima Trindade está contido na
letra “O”. E o grande milagre que ele celebra neste sermão é a indagação
de, como um círculo tão pequeno (o útero de Maria), pôde
guardar a vida de um ser tão importante, que é o filho de Deus. Não
poderia haver, então, figura mais perfeita para representar o ventre,
do que o útero de uma grávida.
O símbolo do eterno (desejo de Maria de ver o filho de Deus
concedido) é associado ao símbolo da imensidão, que é o fato de haver
tão grande ser em tão pequeno círculo, ambas representadas pela
letra “O”. Daí o sentido único que Padre Antônio Vieira dá as coisas.
Tudo tem sentido atribuído e valor associado.
A esse valor de significação que Vieira atribui a tudo e, por
conseguinte, tudo ter um mistério a ser decifrado, a segunda parte do
sermão bem exemplifica:
Uma das maiores excelências das Escrituras Divinas, é não haver nelas
nem palavra, nem sílaba, nem ainda uma só letra, que seja supérflua,
ou careça de mistério. Tal é o misterioso O que hoje começa a celebrar, e
todos estes dias repete a Igreja, breve na voz, grande na significação, e
nos mistérios profundíssimo. Mas contra este mesmo princípio, parece
que no nosso texto, com ser tão breve, não só temos uma letra, senão
uma sílaba, e uma palavra supérflua. E que sílaba, e que palavra? In uter:
dizendo o Anjo à Senhora: Ecce concipies, et paries: que conceberia, e
pariria o Filho de Deus, bem claramente se entendia não só a sustância
do mistério, senão o modo e o lugar; e que este havia de ser o sacramento
virginal do ventre santíssimo. Supérfluo parece logo, sobre a palavra
Concipies, acrescentar, In utero. Mas esta embaixada deu ao Anjo, mandou-
a Deus, e refere-a o Evangelhista: e nem Deus, nem o Anjo, nem o
Evangelhista, haviam de dizer palavras supérfluas. A que fim, pois,
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quando se anuncia este oráculo ( que foi o maior que veio, nem virá jamais
do Céu à terra), se diz e se repete por três bocas, uma divina, outra
Angélica, e outra mais que humana, que o mistério da Conceição dos
Verbos e há de obrar sinaladamente no útero ou ventre da Mãe: Ecce
concipies in utero? Sem dúvida, porque era tão grande a novidade, tão
estupenda a maravilha, que necessitava a Fé de toda a expressão. Haverse
Deus de fazer o homem, novidade foi que assombrou aos Profetas
quando a ouviram. Porém que esse mesmo Deus, sendo imenso, se houvesse
ou pudesse encerrar em um círculo tão breve, como o ventre de
uma Virgem: Inútero? Esta foi a maravilha que excede as medidas de toda
a capacidade criada. (Vieira, 2000, p. 12)
GREGÓRIO DE MATOS
Gregório de Matos Guerra (1636-1696) nasceu em Salvador,
estudou em colégio de jesuítas, formou-se doutor em Coimbra. Retornou
ao Brasil e morreu em Recife. Suas obras adquirem grande
importância como documento da vida social dos Seiscentos e pelo
nível artístico atingido. É considerada a primeira manifestação nativista
da nossa literatura. Petrarca e Camões o inspiraram.
A musa gregoriana teve múltiplas dimensões: sacra, moral,
erótica, satírica e escatológica. Ele descreveu em seus poemas o lírico-
amoroso, o religioso e o satírico. Porém, a vertente mais original
de sua obra foi a sátira.
Podemos apontar um contraste em suas produções literárias:
ora satiriza irreverentemente, ora se torna poeta devoto. A intenção
da sua sátira é moralizadora. A sua lírica religiosa é a que mais se
aproxima dos fundamentos do Barroco e a lírica satírica é a que mais
se afasta, pois se volta para a realidade baiana do século XVII. Daí
uma ambigüidade na escolha de seus temas. Em suas poesias de tema
religioso pode-se destacar uma retórica nobre e moralizante. O poeta
reflete sobre a inconstância do mundo, revelando claramente a influência
de Camões. Em sua lírica fica evidente o tema da contrariedade
barroca, através do abundante uso de antíteses e oxímoros. Ele aborda
questões próprias do período barroco como a efemeridade da vida,
o pessimismo e o desengano do mundo. O poema abaixo , destaca
essas características:
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MORALIZA O POETA NOS OCIDENTES DO SOL
A INCONSTÂNCIA DOS BENS DO MUNDO
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza na inconstância. (Rocha, 2004, p. 6)
O poema reflete a efemeridade da vida. Pessimista, sentindo o
desengano do mundo o eu lírico se indaga sobre o sofrimento que se
prolonga e a alegria que, tão rápido, termina, assim como o Sol, que
“não dura mais que um dia”. Pode-se perceber o uso de jogos de antíteses
como exemplo, dia/noite; Luz/noite escura; tristeza/alegria. O
uso destas antíteses reflete o estado contraditório da condição humana,
à luz da temática barroca. E remete a uma antítese maior, própria
da reflexão barroca e que abrange todas as outras antíteses: vida/
morte. É a dualidade antitética barroca.
Na terceira estrofe, onde o eu lírico parece querer dar uma solução
no problema da Luz e da formosura, que não duram, temos o
paradoxo que revela o pessimismo do homem barroco, ao acreditar
não haver jeito para este mundo. “... E na alegria sinta-se tristeza.”.
Termina por achar, que só pode haver luz se houver sombra, ou seja,
o mundo possui dois lados opostos. E por isso tem “a firmeza somente
na inconstância”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tentou-se mostrar neste trabalho, como se pretendia, de um
lado, doutrinar o homem no intuito de propagar a fé católica. Do outro,
o conflito de se tornar alvo de um interesse objetivando fortale81
cer a Igreja Católica, que perdia sua força. Assim, a dúvida do homem
barroco é exemplificada numa literatura em que predomina o
excesso, o exagero, a linguagem extremamente exuberante, a utilização
de figuras de linguagem como a antítese, o paradoxo, o oxímoro
e a hipérbole.
As alegorias de Padre Antônio Vieira, presente em seus sermões,
revelam sua adesão à corrente conceptista, que valoriza as idéias,
a propagação de conceitos , a linguagem mental. O rebuscamento
de Gregório de Matos revela sua adesão ao cultismo , que valoriza
a imagem, a linguagem cromática, servindo assim, à reprodução
da sua angústia.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A arquitetura Barroca

Barroco (palavra cujo significado tanto pode ser pérola irregular quanto mau gosto) é o período da arte que vai de 1600 a 1780 e se caracteriza pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de ornamentação. É o estilo da grandiloquência e do exagero. Essas carecterísticas todas podem ser explicadas pelo fato de o barroco ter sido um tipo de expressão de cunho propagandista. O absolutismo monárquico e a Igreja da Contra-Reforma utilizaram o barroco como manifestação de grandeza. Nascido em Roma a partir das formas do cinquecento renascentista, logo se diversificou em vários estilos paralelos, à medida que cada país europeu o adotava e o adaptava à sua própria idiossincrasia. Nações protestantes como a Inglaterra, por exemplo, criaram uma versão mais moderada do estilo, com edifícios de fachadas bem menos carregadas que as italianas.
EXEMPLO DE EDIFICAÇÃO BARROCA
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O Hotel do Inválidos - Paris
Um dos traços fundamentais desse vasto período é que durante seu apogeu as artes plásticas conseguiram uma integração total. A arquitetura, monumental, com exuberantes fachadas de mármore e ornatos de gesso, ou as obras de Borromini, caracterizadas pela projeção tridimensional de planos côncavos e convexos, serviram de palco ideal para as pinturas apoteóticas das abóbadas e as dramáticas esculturas de mármore branco que decoravam os interiores.
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Fachada do Palácio de Dos Aguas
Valência
Na arquitetura barroca, os conceitos de volume e simetria vigentes no renascimento são substituídos pelo dinamismo e pela teatralidade. O produto desse novo modo de desenhar os espaços é uma edificação de proporções ciclópicas, em que mais do que a exatidão da geometria prevalece a superposição de planos e volumes, um recurso que tende a produzir diferentes efeitos visuais, tanto nas fachadas quanto no desenho dos interiores.
Quanto à arquitetura sacra, as proporções antropomórficas das colunas renascentistas foram duplicadas, para poder percorrer sem interrupções as novas fachadas de pavimento duplo, segundo o modelo da construção de Il Gesú, em Roma, primeira igreja da Contra-Reforma.
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Igreja de Il Gesú - Vignola y Giacomo della Porta
Roma - século XVI
A partir de 1630, começam a proliferar as plantas elípticas e ovaladas de dimensões menores. Isso logo se transformaria numa das características arquitetônicas típicas do barroco. São as igrejas de Maderno e Borromini, nas quais as formas arredondadas substituíram as angulosas e as paredes parecem se curvar de dentro para fora e vice-versa, numa sucessão côncava e convexa, dotando o conjunto de um forte dinamismo.
Quanto à arquitetura palaciana, o palácio barroco era construído em três pavimentos. Em vez de se concentrarem num só bloco cúbico, como os renascentistas, parecem estender-se sem limites sobre a paisagem, em várias alas, numa repetição interminável de colunas e janelas. A edificação mais representativa dessa época é o Palácio de Versalhes, manifestação messiânica das ambições absolutistas de Luís XIV, o Rei Sol, que pretendia, com essa obra, reunir ao seu redor - para desse modo debilitá-los - todos os nobres poderosos das cortes de seus país. Seguindo o exemplo do Palácio de Versalhes, são construídas nas diversas cortes europérias palácios faustosos, cercados de jardins imensos, aproximando-se do que logo viria a ser o neoclassicismo
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Palácio de Schonbrunn
O Escorial, fusão de estilos e arquitetos, é de uma monumentalidade até então sem precedentes na Europa. Na Itália, ao combinar essas proporções com uma profusa ornamentação maneirista, seus artistas definiram o nascimento da arquitetura barroca.
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O Escorial

Os poetas Barroocs ( Vida e obra )

Gregório de Matos

Gregório de Matos Guerra Academia Brasileira de Letras
Gregório de Matos Guerra
Nascimento23 de dezembro de 1636
Salvador
Morte26 de novembro de 1695 (58 anos)
Recife
Nacionalidade Brasileiro
OcupaçãoAdvogado e poeta
Escola/tradiçãoBarroco
Gregório de Matos Guerra (Salvador, 23 de dezembro de 1636[1]Recife, 26 de novembro de 1695),[2] alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil Colônia. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período.[3]

Biografia

Gregório nasceu numa família com o poder financeiro alto em comparação a época, empreiteiros de obras e funcionários administrativos (seu pai era português, natural de Guimarães). Legalmente, a nacionalidade de Gregório de Matos era portuguesa, já que o Brasil só se tornaria independente no século XIX.
Em 1642 estudou no Colégio dos Jesuítas, na Bahia. Em 1650 continua os seus estudos em Lisboa e, em 1652, na Universidade de Coimbra onde se forma em Cânones, em 1661. Em 1663 é nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que é "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época.
Em 27 de janeiro de 1668 teve a função de representar a Bahia nas cortes de Lisboa. Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia outorga-lhe o cargo de procurador. A 20 de janeiro de 1674 é, novamente, representante da Bahia nas cortes. É, contudo, destituído do cargo de procurador.
Em 1679 é nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. D. Pedro II, rei de Portugal, nomeia-o em 1682 tesoureiro-mor da , um ano depois de ter tomado ordens menores. Em 1683 volta ao Brasil.
Frontispício de edição de 1775 dos poemas de Gregório de Matos.
O novo arcebispo, frei João da Madre de Deus destitui-o dos seus cargos por não querer usar batina nem aceitar a imposição das ordens maiores, de forma a estar apto para as funções de que o tinham incumbido.
Começa, então, a satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais baianas (a que chamará "canalha infernal"). Desenvolve uma poesia corrosiva, erótica (quase ou mesmo pornográfica), apesar de também ter andado por caminhos mais líricos e, mesmo, sagrados.
Entre os seus amigos encontraremos, por exemplo, o poeta português Tomás Pinto Brandão.
Em 1685, o promotor eclesiástico da Bahia denuncia os seus costumes livres ao tribunal da Inquisição (acusa-o, por exemplo, de difamar Jesus Cristo e de não mostrar reverência, tirando o barrete da cabeça quando passa uma procissão). A acusação não tem seguimento.
Entretanto, as inimizades vão crescendo em relação direta com os poemas que vai concebendo. Em 1694, acusado por vários lados (principalmente por parte do Governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho), e correndo o risco de ser assassinado é deportado para Angola.
Como recompensa de ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebe a permissão de voltar ao Brasil, ainda que não possa voltar à Bahia. Morre em Recife, com uma febre contraída em Angola. Porém, minutos antes de morrer, pede que dois padres venham à sua casa e fiquem cada um de um lado de seu corpo e, representando a si mesmo como Jesus Cristo, alega "estar morrendo entre dois ladrões, tal como Cristo ao ser crucificado".

Alcunha

A alcunha boca do inferno foi dada a Gregório por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Criticava também a "cidade da Bahia", ou seja, Salvador, como neste soneto:

A cada canto um grande conselheiro.
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia.
Em honra do poeta, o título Boca do Inferno foi adotado para as crónicas humorísticas de Ricardo Araújo Pereira, outro humorista português.

 Obra

Em 1850, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen publicou 39 dos seus poemas na colectânea Florilégio da Poesia Brasileira (em Lisboa).
Afrânio Peixoto edita a restante obra, de 1923 a 1933, em seis volumes a cargo da Academia Brasileira de Letras, excepto a parte pornográfica que aparecerá publicada, por fim, em 1968, por James Amado.
A sua obra tinha um cunho bastante satírico e moderno para a época, além de chocar pelo teor erótico, de alguns de seus versos.
Entre seus grandes poemas está o "A cada canto um grande conselheiro", no qual critica os governantes da "cidade da Bahia" de sua época. Esta crítica é, no entanto, atemporal e universal - os "grandes conselheiros" não são mais que os indivíduos (políticos ou não) que "nos quer(em) governar cabana e vinha, não sabem governar sua cozinha, mas podem governar o mundo inteiro". A figura do "grande conselheiro" é a figura do hipócrita que aponta os pecados dos outros, sem olhar aos seus. Em resumo, é aquele que aconselha mas não segue os seus preceitos.

 Poemas

  • beija-Flor
  • Anjo bento
  • Senhora Dona Bahia
  • Descrevo que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia
  • Finge que defende a honra da cidade e aponto os vícios
  • Define sua cidade
  • A Nossa Senhora da Madre de Deus indo lá o poeta
  • Ao mesmo assunto e na mesma ocasião
  • Ao braço do mesmo Menino Jesus quando appareceo
  • A NSJC com actos de arrependido e suspiros de amor
  • Ao Sanctissimo Sacramento estando para comungar
  • A S. Francisco tomando o poeta o habito de terceyro
  • No dia em que fazia anos
  • impaciência do poeta
  • Buscando a cristo
  • Soneto - Carregado de mim ando no mundo,
  • Soneto I - À margem de uma fonte, que corria
  • Soneto II - Na confusão do mais horrendo dia
  • Soneto III - Ditoso aquele, e bem-aventurado
  • Soneto IV - Casou-se nesta terra esta e aquele
  • Soneto V - Bote a sua casaca de veludo,
  • Soneto VI - A cada canto um grande conselheiro
  • Triste bahia
OBRAS DE ANTÔNIO VIEIRA
a) Sermões – Cerca de 200, entre os quais se destacam:

Sermão pelo Bonsucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda

Sermão da Sexagésima

Sermão de Santo Antônio aos Peixes

Sermão da Primeira Dominga da Quaresma

Sermão XIV do Rosário (dedicado aos negros)

b) Cartas – Cerca de 500, de pouca importância literária.

MANUEL BOTELHO DE OLIVEIRA

Nasceu na Bahia, em 1636; filho do Capitão da Infantaria Antônio Álvares de Oliveira.

Faleceu na Bahia, em 5 de janeiro de 1711.

Após os preparatórios, estudou jurisprudência em Coimbra, quando foi companheiro de Gregório de Matos.

Regressando à Bahia, dedicou-se durante anos à advocacia.

Foi vereador do Senado e da Câmara da Bahia. Recebeu o título de Fidalgo da Casa Real.

Casou-se com Antônia de Meneses; depois de enviuvar, casou-se com Filipa de Brito Freire.

Destacou-se na poesia barroca, ganhando fama de gongorista.

Era capaz de escrever com perícia em quatro idiomas (português, latim, italiano e espanhol), praticando várias formas de poesia: sonetos, madrigais, redondilhas, epigramas, oitavas, décimas.

Produziu um único livro: Música do Parnaso, publicado em 1705, em Lisboa. A obra foi impressa na oficina de Miguel Menescal, tipografia do Santo Ofício, sob licença das autoridades competentes. Ficou sendo, assim, o primeiro livro impresso de autor nascido no Brasil.

Foi contemporâneo de Gregório de Matos no curso de Direito, em Coimbra.

Dentro de Música do Parnaso, merece destaque o poemeto À Ilha da Maré - Termo Desta Cidade da Bahia, em que descreve um recanto da paisagem baiana, exalta o clima, as frutas, os animais, numa atitude que se pode chamar de nativista

Barroco no Brasil

O barroco, no Brasil, foi introduzido no início do século XVII pelos missionários católicos, especialmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã. O poema épico Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, é um dos seus marcos iniciais. Atingiu o seu apogeu na literatura com o poeta Gregório de Matos e com o orador sacro Padre Antônio Vieira, e nas artes plásticas seus maiores expoentes foram Aleijadinho, na escultura, e Mestre Ataíde, na pintura. No campo da arquitetura esta escola floresceu notavelmente no Nordeste, mas com grandes exemplos também no centro do país, em Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro. Na música, ao contrário das outras artes, sobrevivem poucos mas belos documentos do barroco tardio. Com o desenvolvimento do neoclassicismo a partir das primeiras décadas do século XIX a tradição barroca, que teve uma trajetória de enorme vigor no Brasil e foi considerada o estilo nacional por excelência, caiu progressivamente em desuso, mas traços dela seriam encontrados em diversas modalidades de arte até os primeiros anos do século XX.

Características gerais do Barroco

A literatura barroca é fruto do conflito característico de sua época. Pressionado pela Igreja e pelo racionalismo, o homem perde-se entre dois pólos opostos: Igreja X pensamento renascentista / salvação X pecado / céu X inferno / espírito X carne / fé X razão.
Atormentado por este conflito, o homem produz textos literários com características bastante nítidas. São elas:
1 – uso de contrastes: as idéias opostas seduzem o barroco; os textos mostram choques entre amor e dor, vida e morte, religiosidade e erotismo, juventude e velhice, etc.
2 – pessimismo: conflito entre o eu e o mundo. A vida terrena é vista como triste, cheia de sofrimento, enquanto que a vida celestial é luminosa e tranqüila.
3 – presença de impressões sensoriais: usando seus sentidos, o homem busca captar todo o sentido da miséria humana, ressaltando seus aspectos dolorosos e cruéis.
4 – preocupação com a transitoriedade da vida: por ser curta, a vida não permite que o homem a viva intensamente, como seria seu desejo.
5 – intensidade: desejo de expressar as emoções fortes do amor, do desejo e da dor em profundidade, na tentativa de encontrar o sentido da existência humana.
6 – linguagem complicada, excessivamente trabalhada, através de: expressões eruditas; sintaxe rebuscada, com uso freqüente da ordem inversa; repetições; paralelismo; uso abusivo de figuras de linguagem, principalmente antíteses, hipérboles, paradoxos, e metáforas; uso freqüente de frases interrogativas.
7 – tentativa de conciliação entre a religiosidade e o racionalismo: há uma constante oscilação entre os dois opostos. Duas correntes se distinguem na literatura barroca: o cultismo e o conceptismo.

Situação Histórica

O Barroco
No final do século XVI surgiu na Itália uma nova expressão artística, que se contrapunha ao maneirismo e as características remanescentes do Renascimento. O Barroco (palavra cujo significado tanto pode ser pérola irregular quanto mau gosto) pode ser considerado como uma forma de arte emocional e sensual, ao mesmo tempo em que se caracteriza pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de ornamentação.

Essa grandiosidade é explicada pela situação histórica, marcada pela reação da Igreja Católica ao movimento protestante e ao mesmo tempo pelo desenvolvimento do regime absolutista. Dessa maneira temos uma arte diretamente comprometida com essa nova realidade, servindo como elemento de propaganda de seus valores.ser explicadas pelo fato de o barroco ter sido um tipo de expressão de cunho propagandista.
Nascido em Roma a partir das formas do cinquecento renascentista, logo se diversificou em vários estilos paralelos, à medida que cada país europeu o adotava e o adaptava às suas própria características. Enquanto na Itália o barroco apresentou elementos mais "pesados", nos países Protestantes o estilo encontrou componentes mais amenos.
Durante esse período as artes plásticas tiveram um desenvolvimento integrado; a arquitetura, principalmente das Igrejas, incorporaram os ornamentos da estatuária e da pintura.